Celebre o Ano Novo com saquê, como a tradição do Japão

Celebre a chegada do Ano Novo com saquê, como é hábito no Japão. O saquê é considerado a “Bebida dos Deuses” e é indispensável nas grandes comemorações deste país, segundo a tradição.

Conheça um pouco da história, da produção e dos hábitos de consumo milenares desta bebida típica do Japão.

O que é o saquê

Saquê é uma bebida tradicional japonesa feita de arroz fermentado. Ele foi consumido e usado em cerimônias religiosas há mais de 2000 anos e a história do Japão se confunde com a história do saquê.

O saquê foi mencionado no “kojiki”, o livro mais antigo sobre a história do Japão, que é um país conhecido por seus peculiares costumes e tradições. E assim também ocorre com esta tradicional bebida.

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Uma breve história do saquê

A história do saquê no Japão acompanha o início do cultivo do arroz neste país, cerca de 300 aC, quando foi produzido pela primeira vez.

Enquanto que a bebida pode ser encontrada na história da China há mais de 4.000 anos atrás, foi no Japão que o saquê ganhou popularidade.

Ao longo dos séculos o processo de fazer o saquê mudou, em alguns momentos de forma drástica e em outros de forma mais sutil.

Hoje, as pessoas do mundo todo podem desfrutar desta bebida, sem precisar visitar o Japão para fazer isso.

Existem pessoas que se referem ao saquê como um vinho de arroz. No entanto, esta bebida é fermentada de uma maneira completamente diferente de qualquer outro tipo de álcool.

Após o farelo ser removido, o arroz é polido de modo a remover a proteína e os óleos presentes no grão. Pelo fato do arroz ser rico em amido, ele é ideal para a preparação desta bebida fermentada.

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Susano’o Slaying the Yamata no Orichi – A lenda do dragão de oito cabeças, derrotado após ser embriagado com saquê – Toyohara Chikanobu

Uma vez que é limpo e polido, o arroz é embebido em água e cozido. Nos tempos antigos, nas aldeias, as pessoas mastigavam uma mistura de arroz e nozes e a cuspiam em um tipo de banheira.

As enzimas, naturalmente encontradas na saliva humana, desempenham um papel crucial na fermentação do mosto de arroz. E essa era também a parte de uma cerimônia religiosa xintoísta.

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Barris de saquê

Depois, sacos de lona eram usados para extrair o álcool do mosto de arroz, que em seguida eram armazenados em barris de madeira.

Ao longo dos séculos o aspecto de mascar o arroz foi eliminado e as fábricas de saquê começaram a introduzir o fungo koji. E mais tarde, a levedura foi adicionada ao mosto.

Durante o Período Asuka o saquê era feito de arroz, água e fermento koji, e tornou-se um álcool muito potente. O período do Heian restringiu o saquê para uso religioso e raramente era consumido.

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For sake’s sake – Utagawa Kuniyoshi (1797-1861)

O saquê nas cerimônias

O saquê foi produzido por famílias e até mesmo em templos por monges, quando era usado para cerimônias religiosas xintoístas como oferenda aos deuses e para purificar o templo.

Quando o saquê é oferecido aos deuses, ele é chamado de “Omiki”. As pessoas bebem o Omiki para ganhar o favor e as bênção dos deuses, sob a forma de uma rica colheita ou a comunicação com eles.

O saquê também é usado para o “San-san-kudo”, ou a cerimônia em que a noiva e o noivo consomem a bebida durante o casamento budista.

Formas de servir o saquê

Por muitos séculos o saquê é compartilhado pelos membros da família e entre amigos. Pois é uma bebida que é levantada para brindar os momentos mais importantes na vida.

Acredita-se que você não deve servir o seu próprio copo de saquê, mas deve ser servido por um amigo e para ele vale a mesma coisa. O saquê é uma bebida que é para ser compartilhada e apreciada com as pessoas que você ama e respeita.

O saquê pode ser servido em pequenos copos de cerâmica “choko”, ou em frascos de cerâmica conhecidos como “tokkuri”. A temperatura em que deve ser servido, depende das condições climáticas e da estação.

Pode ser oferecido quente, frio ou na temperatura ambiente. No entanto para a melhor qualidade é recomendável não aquecê-lo. O aquecimento do saquê pode causar a perda do aroma e do sabor.

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Outra forma interessante de servir essa bebida tradicional é no “masu”, um copo de madeira que semelhante a uma caixa, que é usado para medir o arroz.

O “masu” pode ser usado como um pires. A bebida é vertida no copo de uma maneira que ela transborda e enche ambos os recipientes. Isso indica a generosidade do anfitrião.

Saquê Premium

A fabricação do saquê passou por algumas melhorias e alterações no processo de fermentação. Isto inclui a pasteurização e a adição de alguns ingredientes durante a fase de fermentação.

Porém, hoje o saquê mais puro e sem adição de ingredientes, considerado o melhor saquê, é chamado de Premium e durante seu processo de produção deve ter pelo menos 30% de polimento do arroz utilizado na fabricação.

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Geisha Drinking from Sake Kettle – Tsukioka Yoshitoshi (Japan -1880)

Quanto mais polido o grão de arroz, melhor será o saquê. O grau de polimento do arroz é chamado de “Seimaibuai”, e essa palavra costuma ser um indicador da qualidade do saquê nos rótulos da bebida.

Sendo assim, um saquê com:

  • menos de 30% de polimento do arroz é considerado Comum;
  • 30% de polimento do arroz é considerado Premium;
  • 40% de polimento do arroz é Super Premium Ginjo;
  • 50% de polimento do arroz é Super Premium Dai Ginjo.

Outros fatores como a adição de álcool, açúcar ou o tipo de água podem conferir diferentes características ao saquê.

Gostou da sugestão? Então, que tal um brinde ao Ano Novo, com saquê para trazer boa sorte?  Viva 2017!