“Sorte” no jogo, azar na vida: o preocupante vício em jogos de apostas no Japão

Quem já foi ao Japão sabe que encontrar uma casa de apostas no Japão é fácil. O que para alguns é apenas uma diversão ou passatempo, para aproximadamente 3,2 milhões de japoneses é uma questão de vício.

Apostas no Japão

Um levantamento feito pelo governo entrevistou dez mil pessoas de 20 a 74 anos em 300 diferentes localidades.

A pesquisa concluiu que 3,6% da população japonesa desenvolveu algum nível de vício em jogos de azar. O pachinko foi o campeão em gasto por pessoa, aproximadamente 58 mil ienes por mês.

O número de viciados ou usuários recreativos em drogas ilícitas é muito menor que os adictos em apostas para se ter uma ideia. Os jogos de azar se tornaram um problema de saúde pública que não pode mais ser ignorado pelo Japão.

Apesar de o pachinko ser campeão em apostas, ainda há os jogos de corridas de cavalo, powerboat, bicicletas e motocicletas que são legalizados no país.

Espera-se que até 2022 seja estabelecido um limite para apostas em corridas pela internet. Uma medida tímida para combater o vício em jogos de azar.

Legalização

Em 2016 o governo japonês aprovou uma lei que regulamenta resorts com cassinos no Japão. Em contrapartida quando um projeto de lei para combater o vício foi formulado em 2017, o parlamento foi dissolvido.

O projeto de lei não era muito claro sobre regras, responsabilidade dos estabelecimentos ou penalidades para possíveis infrações, mas era um começo.

Lucros exorbitantes

O problema posto é o seguinte: só o pachinko movimenta uma cifra na ordem de 200 bilhões de dólares no país. Menos jogadores e apostas significam menos dinheiro para os cofres públicos.

Os jogos de azar no Japão além da grande receita gerada emprega aproximadamente 300 mil trabalhadores em todo país. É uma situação delicada entre a ética e o orçamento da união.


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É tanto dinheiro que o governo japonês não revela quanto recebe em impostos das casas de jogos e apostas.

Com uma significativa queda em jogos desde 2005 o setor continua de vento em popa. Mesmo que a nova geração esteja mais interessada em jogos eletrônicos para passar o tempo, ainda há 3,6% da população viciada no país.

Quem já conheceu uma pessoa compulsiva nos jogos de azar e apostas sabe o quão triste é a história de vida destas pessoas.

Um ex-vendedor japonês de 67 anos revelou em entrevista a um periódico: “O jogo impregnou a minha vida, meus dedos simplesmente não obedecem meus comandos.”

E continua: “Já perdi as contas de quantas vezes minha família teve que limpar minha bagunça pagando minhas dívidas em jogos.” É uma realidade triste de muitos japoneses.

Já foram a um pachinko ou a uma casa de apostas no Japão?