Startups japonesas estão adotando a política do direito de se desconectar

Startups japonesas estão adotando em sua política o direito dos funcionários e colaboradores de se desconectarem do trabalho em suas horas vagas.

Alguns países na Europa, como França e Itália já possuem leis que protegem profissionais de serem acionados por empresas fora do expediente ou durante as férias.

No Brasil, é comum ter grupos de WhatsApp sobre trabalho, já no Japão, o Line é um dos mais usados com esse fim. Isso acaba deixando os funcionários conectados 24 horas por dia com a empresa e seus colegas.

Yama-gomori

Visando esse tipo de problema, uma empresa de softwares chamada YRGLM Inc. com sede em Osaka implementou as férias yama-gomori (isolamento nas montanhas) desde 2011.

Naquele ano, apenas 20% dos funcionários desfrutaram, já em 2017 o número subiu para 71,6%.

A política consiste em obrigar os funcionários a tirarem férias de nove dias ao menos uma vez ao ano.

Sem contato

Homem com celular na mão

Além das férias remuneradas, o funcionário é proibido de se comunicar com a empresa por telefone, email ou redes sociais.

Em casos de vender as férias ou adiá-las, é preciso convencer o presidente da empresa a aceitar e assinar os documentos necessários.

Essa iniciativa se espalhou e muitas startups japonesas e empresas estão passando a adotar esse método.

Efeitos da cultura do trabalho no Japão

Homem em sua mesa de trabalho

Uma pesquisa realizada em 2017 pela empresa i3 System Inc em Fukuoka entrevistou 804 funcionários.

Ao total, 44,8% dos participantes afirmaram levar o trabalho para casa depois do expediente. No entanto, 80% dos entrevistados disseram que não informavam a empresa de suas horas extras.

Já na Mitsubishi foi adotado um sistema que deleta e-mails a funcionários em férias. O sistema desenvolvido pela companhia alemã Daimler AG pede ao remetente para reenviar o e-mail quando o funcionário retornar.

No entanto, esse aplicativo é opcional e por causa disso há pouca adesão dos funcionários.

Jornada de trabalho intensa

Japoneses indo trabalhar

Segundo uma pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e divulgada pela revista Forbes em 2018, o Japão é o 6° país com a maior jornada de trabalho no mundo.

A pesquisa levou em consideração uma carga horária de 60 horas semanais, ou seja, uma jornada de 12 horas de trabalho.

De acordo com o levantamento da OECD, 9,2% dos profissionais ativos no mercado de trabalho japonês trabalham mais do que 60 horas semanais.

Já na China, por exemplo, país marcado por estigmas da sua era de desenvolvimento econômico, apenas 5,8% dos trabalhadores fazem mais de 60 horas semanais.

No entanto, o número é muito menor do que se comparado a Coreia do Sul onde trabalhadores que excedem 60 horas representam 22,6% da população economicamente ativa.

Pesquisa inconclusiva

Embora a pesquisa realizada pela OECD aponte uma pequena parcela de pessoas que fazem mais de 60 horas semanais, esses são dados oficiais, ou seja, “o cartão” que o funcionário deve bater todos os dias.

Notificações celular

No entanto, não foi considerado nem analisado o trabalho adicional que muitos trabalhadores japoneses levam para suas casas após o expediente ou mesmo em suas férias.

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Esse problema não é uma exclusividade do Japão. Fica cada vez mais difícil para os trabalhadores de todo mundo de se desconectarem do trabalho mesmo após o expediente acabar.

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